20 de dez. de 2010

UMA CRÔNICA DA BOCA PEQUENA

Ouço um ritmo eletrônico qualquer de alta rotação. Aumento o volume. Abro a janela, inspiro profundamente o ar da noite, encho o meu pulmão do monóxido de carbono inebriante. Aumento mais e foda-se o vizinho.
Relembro do meu desdém por gente e do paradoxo de minha plena insuficiência afetiva. Nem é desdém na verdade, é que sempre me dou tão mal, que acabo maldizendo mesmo, é a boca pequena.
Foram tantos os casos malfadados, que realmente questiono se tudo não passou de perda de tempo, na verdade o que aprendi foi a quem devo sempre evitar. Nas pérolas em que muitos porcos chafurdaram, ou seria eu o porco?
É o meu dedinho podre, meu imã pra chaves de cadeia, meu currículo negro manchado raramente de branco. Seria eu um melancólico, dramático, filho de uma puta (tadinha da puta), carente de atenção e inseguro? Chato com pose de bonzão, ou um não chato bonzão mesmo?
E tem um vazio grande aqui sem explicação, o que é pior ainda. 
É uma raiva nem sei de quê ou de quem, mas que se me fosse permitido, esbofeteava o primeiro que fizesse hora com minha cara. Minha cabeça anda nos tempos do Mad Max, cujo ator principal é o Brinquedo Assassino. Sorte do mundo que isso fica preso na minha cabeça.
Do outro lado da bipolaridade, há uma felicidade simultânea. A felicidade dos fatos, do que é palpável e do futuro.
Eu sei que eu rio disso tudo agora. E não é pra rir mesmo? É um vazio que não tem explicação e muito menos motivo. É frescura mesmo, tô precisando é de um couro bem dado e como diz minha sábia mãe, é muita falta de uma trouxa de roupa bem suja pra lavar.
É bem mais divertido me ridicularizar que tentar entender este mundo cão.
Vamos vivendo.

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