27 de mai. de 2009

WORLD - New Order

O tempo é um vilão e o melhor professor do mundo.
A idade avança e eu ainda não sei se aprimoramos ou deturpamos algumas características ou se as adquirimos mesmo. Algumas destas, de tão genuínas, parecem realmente inatas.
Não me lembro, de criança, ser tão perfeccionista.
Tinha a mania de empilhar pedaços de madeira milimetricamente alinhados e imaginar uma grande cidade, com o transito fluente e um ar respirável. Talvez fosse um prenúncio disso mesmo.
Possuia algumas referências pessoais, a maioria sumiu ou morreu. O que temo hoje, é que me torne uma dessas referências pra alguém.
Sempre fui metódico, tipo aquele garoto com roupa combinanada e cabelo partido de lado. Hoje, somado a isso, sou estressado e um pouco neurótico, pra me poupar do completo.
A vantagem é que não combino mais a roupa, a não ser o cinto com o sapato.
Passei a ser mais sonhador, voar alto, e, felizmente cada dia menos frustrado, graças ao meu bom Deus!
Perdi amores e aprendi efêmeras diversões. Fiquei rancoroso e ganhei uma baita gastrite.
Tô em forma, pele boa, ainda com a barriga que me persegue desde que "quebrei meu nariz" com oito anos de idade. Dizem que foi o tanto de soro que tomei.
O coração só bate mais forte quando chego rápido nos dois mil metros ou quando insisto em nadar como os golfinhos, ou então, mais estranhamente, como as borboletas.
Passei a falar um monte de merda que chamo de filosofia existencialista. Insisto em querer que me leiam e teçam comentários sobre, mas, na verdade, se dependesse disso morreria seco.
Não sei se sou chato ou tenho halitose, meu coração e meu nariz dizem que não, mas o fato é que tenho ganhado muitos "perdidos". E sou até bonitinho viu!
Enfim, é o mundo, é a vida...e nessa ânsia de querer escrever mais alguma filosofia de balcão de botequim, perdi a hora, já passa da uma da manhã.

PS: depois de velho durmo tarde e tento acordar cedo...por obrigação, tenho mesmo, senão minhas crianças morrem de fome.

7 de mai. de 2009

A VIAGEM DE BALZAC

FOTO: Yellow Wayfarer Glasses Retro 80's

Depois de algum tempo, a vida passou a ser fácil. Vidas vazias, sorrisos fáceis e banquetes regados a vinhos caros e promessas remotas. Alegrias transitórias e fins de noite desertos. Noites em claro, textos longos e grotescos erros gramaticais.
Lembranças da infância, das inúmeras vidraças quebradas, de momentos de radicalismo e punições gratuitas, das guerras com semente de mamona, dos piques, do “Pogobol”, da TV Manchete e dos desconhecidos Abelhudos do rabanete radioativo.
Nunca teve o seu “aviator” ou “wayfarer”, mas legitima-se no seu velho Ray Ban de grau e armação preta. Da Conga pro Redley, com um deslize pequeno no M2000 de sola verde limão que teve seu fim numa festa brega. Agora com mocassin com sola de madeira.
Vence o que tem que vencer e assim é feliz. Conta o tempo nos relógios “troca-pulseiras”, conta o movimento, arrepende-se por perdoar. Sente-se tolo por ignorar o que de mal lhe é feito, reluta em mudar, mas não troca o jeans surrado e a camisa branca.
É obrigado a comemorar. Tanto tempo já e agora sim concretiza tudo o que lhe foi um dia prometido. Duras penas, grandes amigos e pequenos brotos sinalizando uma raiz. Foram-se os “long plays”, as festas dance e as matinês de domingo a tarde, ficaram os CD’s, os MP3, 4, 5 e lá vai.
Uma viagem pra longe, pra não sei onde, não mais no Fusca azul celeste 1300, aonde se disputava lugar com a mala. Pro paraíso ou pro mar, pro bazar ou para um bar. Não importa se só, mas num bom quarto escuro e gelado. Sem hora e desmedidamente. Feliz, vazio e efêmero, sem culpa e nenhum compromisso.
Com a burra cheia, uma carteira azul OP de nylon, mas com egoísmo a perder de vista e um cartão de crédito gold. Com uma unicidade de um só. Sem nenhuma importância, pelo menos por agora. Em paz pelo menos. Saudável e mais leve, até na mente.
E assim, segue só, em sua unicidade convicta, descrente na unicidade de dois. Livre e tranqüilo, em paz. Segue só, de malas menores e mais leves, em sua melhor e mais longa viagem.