31 de dez. de 2010

LIÇÃO DE CAFA



Vamos lá, sem rodeios.
Confessa que é safado, devasso, mundano e que enfia a cara na cachaça. Faz cara de paisagem, de intelectual no canto só escolhendo a caça. Sente o cheiro, dá o bote, come e joga os restos pra reciclagem. Faz muita sacanagem. 
Dorme rodando numa embriaguês vertiginosa infinita e acorda com uma cabeça de cem quilos. Dá uma de égua, finge que não lhe é. Toma um banho gelado, um analgésico e um antiácido, com umas cinco doses de café e pronto prá outra, escapa.
Talvez tenha sido aquela pessoa que viu ao acordar e de quem nem sabia o nome, que roubou sua cueca pra fazer pano de prato.
Uma vida cansada, boa demais, mas que assusta. Tem gente que vai e que arrisca, tem gente que provoca e nem petisca. Sem neuras, sem fumaça, sem pára raios. Faz outra cara para melhor impacto, age dentro do bom gosto. Ganha o seu muito obrigado e seduz a quem lhe interessa. Ah safado!
Será que você aguenta seu cafa?
Aguenta, seu charme lhe move, seu espelho lhe nutre. E se safa da cruel verdade, que na verdade nem é tão cruel assim, e quiçá nem tão verdade. O que seria da vida e da hipocrisia, se não disséssemos que a verdade fere. 
Fuja da fama de sem vergonha, trabalhe. Diz que está exausto no fim do dia. Diz que é workaholic e que adora a família, que quer ter um filho, que luta por um mundo melhor e se safa seu cafa! Amacie a presa.
Durma sossegado, pois pra cada safado sempre há uma devassa, e esse fogo nem bombeiro apaga. Graças a Deus.
E vai de safado, de cafa e se safa com sua caça, aceleradamente e inexoravelmente, porque a vida passa.

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