30 de nov. de 2010

TRINTA SEGUNDOS

Foram trinta segundos que pareciam uma eternidade,
nem a menina dos céus me valeu de alguma coisa.
De uma relativa calmaria e o alívio de estar chegando,
a uma trepidação súbita e um ruído ensurdecedor.
...
Nunca vi isso meu Pai.
...
Enraizei na cadeira.
Do lado de fora, somente relâmpagos e nimbus.
A altitude se reduzia rápido, o aperte o cintos se acendeu.
E a voz a avisar, área breve de instabilidade.
...
Instabilidade o cacete, estamos é caindo.
E a cair estavam as revistas e algumas garrafas.
Tripulação, pouso autorizado...aonde?
Enquanto isso minhas tripas reviravam e quase virei do avesso.
...
Não quero sentir dor.
...
Lembrei dos amigos que viajaram comigo, dos vexames.
Da sudorese nas mãos, quando não consegui abrir o maravilhoso "mix nuts".
"Mamãe, por que o moço treme tanto?"
Dois litros de rivotril placebão no capricho e uma Xingu gelada.
...
Não me lembro do que mais pensei.
Pqp, Jesus nos acuda.
E o outro, "estamos caindo mesmo?".
Nada, era realmente uma nuvem de chuva.
Cheguei inteiro, assumo minha trajicomédia aeroviária.
Tu és um cagão mesmo hein rapaz.