27 de jan. de 2008

DA EUFORIA AO TORPOR

FOTO: J.Machado - Como era no início - 2008

Enfim tudo começou, o quarto era escuro e úmido.
Passou num meio piscar de olhos e já deu as caras.
Assim que viu a luz, sofreu pela primeira vez.
Chega aos berros pedindo atenção e alimento.
...
Desce do colo, fica de joelhos, primeiros passos.
E de cada vez mais alto vê seus pés maiores.
Ouve e entende, obedece...pode já olhar pra trás.
Conta as primeiras histórias. Cria memórias.
...
As batidas do tambor são cada vez mais rápidas.
E são mais imagens que se acumulam. Cresce.
Sente frio e calor. O ritmo é acelerado, sente dor.
Os sorrisos passam a ser planejados. Deseja.
...
Sem ninho. Ganha o mundo e é mais um que chega.
Decide, sobrevive, luta e se alimenta. Aprende.
Não pode parar. Tropeça, cai e apruma o corpo.
Corre, pensa. Mais uma batalha e volta pro abrigo.
...
Superlativos e prefixos de intensidade.
Dificílimo, hipermovimento, hiperbalada.
Adrenalina, prazeres, manias e vícios.
Trânsito congestionado. Sinais de exaustão.
...
Desacelera. Agora olha pra trás novamente.
Decide deixar de lado os superlativos.
Dietético, moderado, caminhadas e soníferos.
Procura a segurança e o silêncio.
...
Eram quatro, passou pra dois, agora são três.
Agora vê seus grandes pés mais de perto.
As vezes dorme acordado e em outras pede ajuda.
E já começa pensar em desistir.
...
Agora pára, decide dar seu lugar a outro.
Agora não vê mais seus pés. Desiste.
Olha para o teto por alguns poucos segundos.
E por fim adormece em seu velho quarto escuro.

Um comentário:

  1. Salve, Juca!

    O tempo anda corrido por causa do trabalho, por isso o longo período sem atualizações na velha casa.

    Me identifiquei muito nesse seu poema/texto, principalmente no trânsito de sentimentos que eu sempre visualizo em mim.

    By the way, eu me identifico de-mais com os seus textos. E gosto disso.

    Abração e obrigado pelo comentário no meu blog!

    Daniel

    ResponderExcluir