14 de mai. de 2008

CENAS DE UMA VIDA REAL

CENA DO FILME: Band à Part (The Outsiders) - Jean-Luc Godard

Abaixo aos movimentos intelectualóides.
O homem ainda faz boas séries de televisão, há filmes de um amor simples e puro. Falam de flores de vez em quando. Os erros do passado são exemplos para um presente melhor. Meu cérebro precisa de descanso.
É bom rir da jocosa vida marital alheia, descobrir os bastidores de ambientes imaculados e chorar com os reencontros e as descobertas.
Assumir que a futilidade também engrandece.
Torcer pelo lado bom da força, divertir-se com as maldades inocentes de tipos bizarros, sofrer nos momentos de suspense e no final sentir um prazeroso alívio por saber que tudo não passou de pura ficção.
Ouvir uma música diferente e nova, agradar aos ouvidos. Ver e imaginar cenas, esquecer por meia ou uma hora, ou durante os intervalos, das agruras.
Quero ser prático. Quero sentir prazer mais vezes. Reservar um tempinho para emburrecer sem culpa. Iludir-me com a possível bonança depois da tempestade. Aquele casal perfeito continua perfeito e não acaba no final.
Gravar em minha memória e em breve repetir a cena dos três amigos correndo por entre as obras de arte de um famoso museu, sair sem pagar do restaurante mais caro da cidade e no final da noite tomar banho na fonte histórica.
Andar de bicicleta de braços abertos, dirigir um carro conversível vermelho em alta velocidade, encontrar os amigos na cafeteria com mesas na calçada, ter uma noite perfeita, torrar um milhão para ganhar outro.
Dar um beijo debaixo d’água, correr ao encontro de um abraço forte. Chorar a dor num colo amigo. Descobrir que o pouco, embora intenso, foi o suficiente pra se tornar inesquecível. Desistir da eternidade mil vezes somente para ter a sensação de um toque.
Fazer trilhas sonoras. Momentos musicados e duetos inesquecíveis.
Verei mais seriados, irei mais ao cinema.
Talvez seja preciso emburrecer um pouco e ficar adepto dos clichês.
Frases feitas e simples verdades.
Abaixo aos movimentos intelectualóides.

6 comentários:

  1. Juca, você voltou!!

    Adorei sua reconstrução, parece você mas tem um upgrade mais moderninho, isso sem perder a velha ternura é claro.

    Adorei o texto, os sentimentos, os acasos com a leveza e os descasos com a chatice.

    A vida é tão sútil, que às vezes a gente perde tempo com nada... e esquece de cultivar as rosas que tanto gosta de sentir o perfume no jardim. E sem as flores, as borboletas não voltam...

    Eu estava falando para um amigo que precisa de férias hoje, que ele "precisa de férias"... e de noite me peguei falando para o meu porteiro que preciso de tempo para ler um pouco dos livros que já comprei...

    Sabe, o meu porteiro lê muito, ele tem tempo para ler...

    Eu sei, estou começando a delirar... mas isso faz parte. Estou feliz de ter ouvido uma voz amiga, ainda que estivesse triste hoje, estou feliz que tenha voltado e feliz por estar aqui, acreditando que um dia vou ter tanto tempo de ler... os livros.

    Beijos,
    Carol

    PS: "Quando pensar em me esquecer, esqueça-se de pensar"

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  2. Sou do tempo em que os filmes de Godard eram o máximo!
    Boa noite.

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  3. Oi lindo!!!
    Percebo que de alguma forma você está em busca de viver melhor.
    Fico muito feliz por você, muito mesmo!!!
    As vezes precisamos fantasiar a vida, pra que ela seja mais leve.
    Te adoro!!!
    Iaia

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  4. Juca,

    Lindo o comentário que fez lá em Casa, obrigada! : )

    Hoje eu publiquei umas respostas rápidas das perguntas que a Cátia me passou. Gostei do resultado e indiquei você para participar, aceita?

    Beijos e bom final de semana!
    Carol

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  5. Meu pai sempre disse: "Filho, vez em quando a gente precisa ser meio burro para a vida".

    Bom reler você novamente, caro amigo.

    Abração!

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  6. E mais: acho os clichês necessários de vez em quando.

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