23 de out. de 2010

FUTURO DO PRESENTE

Redimo-me já, pois não resta vivalma. Sigo vivendo sem pausas, com a intenção de ser sempre intenso, como se o fim se aproximasse a cada dia. Transcrevo desejos e admito a sua simplicidade complexa.

Quero continuar até o fim dos dias a ter o mesmo amor no trabalho. Não que eu queira morrer trabalhando, mas que pelo menos este não me seja tedioso. Quero curtir os louros sempre. Quero ter tranqüilidade em pedir e ter colo novamente, a ser a criança grande e aguda, mas o filho como sempre foi. Quero tanto!

Um dia, que Deus me ouça rápido, desejo ser esperado na porta, com um oi saudoso e um forte abraço ao entrar. Dividirei problemas e contas, assumirei as rotinas e serei o rei mais feliz do mundo. Verei caras sombrias e sentirei apertos angustiados no peito, mas estarei calmo e certo de que eles vêm e vão sempre. Só não quero pisar em ovos.

Terei um cachorro e espaço pra que ele não se sinta claustrofóbico, numa casa com sacada, grandes janelas de vidro que emolduram um pôr do sol ou uma desarmônica selva de concreto. Terei vizinhos com calçados de solas de borracha e controladores de volume vocais. Andarei na minha bicicleta e nadarei todos os dias.

Serei mais altruísta e, mesmo que absurdos, quero filhos. Ainda tenho motivos pra acreditar que são grandes possibilidades de agradáveis companhias e de doces surpresas, e remotamente talvez, quem sabe, a garantia de um futuro longe do mais completo abandono.

Lista de presentes!

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